O Storytelling no desenvolvimento de pessoas e negócios
O storytelling refere-se à arte de usar a linguagem para construir narrativas que transportam leitores ou ouvintes para reinos e experiências imaginárias. Esta prática tem a capacidade de evocar respostas emocionais poderosas nos humanos e também pode ser usada para introduzir novos conceitos ou inspirar ações nas equipas e empresas.
A capacidade de contar histórias é intrínseca à experiência humana. Desde tempos imemoriais, as narrativas têm sido a forma pela qual partilhamos conhecimento, transmitimos valores e nos ligamos uns aos outros. As histórias podem ser um especial contributo para as organizações. De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Liverpool, histórias pessoais representam cerca de 65% de todas as conversas humanas.
O que pode parecer uma atividade simples de contar histórias revela-se, na realidade, um fenómeno profundamente enraizado na complexidade do cérebro humano. É aqui que a neurociência entra em jogo, lançando luz sobre o misterioso e poderoso elo entre a narrativa e a forma como percebemos, aprendemos e tomamos decisões.
Quando envolvidos numa história interessante, o nosso cérebro “entra em ação” e liberta neurotransmissores, entre eles a dopamina, associada à recompensa e ao prazer, e a ocitocina, que promove a empatia e a conexão social. Estas substâncias neuroquímicas não só aumentam a nossa atenção e envolvimento com a história, como também fortalecem os nossos laços emocionais com as personagens e eventos narrados, demonstrando a poderosa influência das histórias na nossa cognição e interações sociais.
As conexões neuronais e emoções estão, portanto, intrinsecamente ligadas às histórias, na medida em que ativam áreas específicas do cérebro, como o córtex pré- frontal, responsável pelo pensamento crítico, e o sistema límbico, que controla as emoções. Quando imersos em narrativas cativantes, essas áreas interagem de forma complexa, influenciando diretamente as emoções do público e o seu envolvimento com a história.
A narrativa desempenha um papel fundamental na melhoria da retenção de informações e da aprendizagem, um aspeto crucial para as empresas. As histórias têm a capacidade de tornar os conceitos mais memoráveis, aproveitando a plasticidade cerebral. Ao incorporar informações numa narrativa coesa, as empresas podem criar uma conexão emocional que facilita a retenção desses dados pelos seus colaboradores, clientes ou parceiros.
Além disso, os líderes, em particular, podem aproveitar o poder da narrativa e da escuta para desenvolver competências de liderança e inspirar as suas equipas de forma eficaz. Para isso, é fundamental que exista um propósito (Why), alinhado com um público alvo (audience), alicerçado na capacidade de escuta, orientado para uma conclusão (ending) relevante e objetiva (ver figura).
O storytelling tem também um impacto muito relevante na gestão das marcas e no público alvo. Partilho algumas estatísticas importantes a serem consideradas:
92% dos consumidores desejam que as marcas façam anúncios que contem uma história; 55% dos consumidores têm mais probabilidade de se lembrar de uma história do que de uma lista de factos; 68% dos consumidores afirmam que as histórias das marcas influenciam as suas decisões de compra; Empresas com histórias de marca atraentes têm um aumento de 20% na fidelidade do cliente.
Diante desse poder inegável do storytelling, cabe-nos a nós a responsabilidade de usá-lo com sabedoria. A pergunta que se coloca, é como pretendemos utilizar esta ferramenta para impulsionar o crescimento e a inovação no nosso próprio desenvolvimento profissional e da organização? Aguardo com interesse pela sua história.
Sérgio Almeida – Fundador do Seal Group, 05/10/2023